Um post por dia, stories, live, estratégias de engajamento, arquétipos, vídeos, cores...
Poderia continuar essa lista e ainda faltaria espaço para o quanto a vida on-line exige de nós, trabalhando ou não com a internet. E quando você é a sua própria marca a conta é multiplicada por dois.
Outro dia conversando com um aluno-escritor sobre estratégias de marketing para as redes sociais, percebi o desconforto dele só em se imaginar gravando um storie.
“Além de escrever, ainda preciso perder tempo com marketing?”
Sim, amigo. Você tem!
Mas altere a expressão “perder tempo” por criar conexão com o leitor. Pegue aquela imagem do escritor ermitão e a delete do seu cérebro (HD) se quiser ser lido.
Como um bom introspectivo que sou, sei como tirar fotos e gravar vídeos pode ser estressante. E às vezes o problema não se resume a design ou templates, mas a como as pessoas irão reagir à nossa imagem.
Embora experientes e conhecedores do tema a qual nos propomos falar, o medo da crítica é limitador. E sentir-se rejeitado é, na maioria das vezes, o principal motivo de nos escondermos.
Dependendo do quanto fomos tolhidos em nossas vivências, maior ou menor é o esforço para superar essa dificuldade.
E quer saber da real? Todos estão interessados em suas vidas. Uns passarão pela sua foto sem dar a mínima, outros irão prestar mais atenção no tamanho do seu nariz e em outras características físicas suas, mas só até a próxima foto, o que levará só alguns segundos.
Porém, haverá pessoas que irão se conectar com você, com sua essência. Afinal você é resultado de todas as experiências pelas quais passou.
Para mim, conexão vai além das letras, das palavras.
E a relação entre escritor e leitor só é completa quando esses dois elementos se unem no ato da leitura.
Como dizia o romancista e poeta, Vladimir Nabokov:
“Eu preciso de você, leitor, para imaginar, porque realmente não existimos se você não o fizer.”
Mas, esperar pela benevolência do algoritmo ou de terceiros pode ser frustrante se não estiver preparado para receber seus leitores em potencial.
Estou dizendo para tornar-se influencer e produzir conteúdo a rodo? Não.
A menos que queira ou possa bancar uma equipe.
Trabalhar em nossa autoimagem nunca é uma perda de tempo. Lembre-se, a melhor pessoa para vender o seu livro é você!
Comece por se definir como escritor, escritora. Depois tire fotos mais elaboradas, pode ser com o seu celular ou contrate um fotógrafo profissional. Cuide dos detalhes, roupas, cenários e objetos.
Grave vídeos curtos, não precisa mostrar pra ninguém.
Repita isso até sentir-se confortável o suficiente para publicar. Seja leve com você. Permita-se ser quem é. Basta dar o primeiro passo.
Com afeto.
Caco.
#Sessão Pipoca:
Cabeça de Nêgo/Globo Play
O filme de Déo Cardoso é uma boa pedida do cinema nacional e diverge totalmente do estereótipo nordestino a qual estou cansado de assistir, especialmente em produções sulistas (um alô para a novela global “No Racho Fundo”).
Em Cabeça de Nêgo (2020), Saulo é um adolescente e periférico que reage após um insulto racista e como consequência é expulso. Decidindo permanecer da escola, o jovem inspirado pelo livro dos Panteras Negras, passa a gravar vídeos das instalações insalubres do colégio. As denuncias repercutem na mídia e ganham apoio entre professores e alunos.
A narrativa aqui é verossímil e fácil de identificar cada personagem, características, conflitos e anseios, sem a necessidade do uso de filtros terrosos ou da exploração de pobreza extrema na composição estética. Que bom que Saulo é um jovem negro inconformado com o mínimo que lhe é dado, que lê e busca por suas raízes, que inspira sua comunidade a reivindicar direitos.
O olhar de Saulo, que toma toda a tela em um dado momento do filme, parece questionar nossas ações diante deste contexto.